Rio Branco, AC 10 de novembro de 2025
Por Hailton Aiala
O estado do Acre chega à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará, com a missão de reafirmar seu papel de protagonista ambiental na Amazônia. Com cerca de 84% de sua cobertura florestal preservada, o estado se apresenta como um modelo de governança verde e de integração entre conservação e desenvolvimento sustentável, buscando financiamento e reconhecimento para suas políticas.
A delegação acreana, liderada pelo Governador Gladson Cameli, participa ativamente dos debates, utilizando a COP 30 como uma vitrine para o mundo. O ponto central da apresentação do estado é o Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA), pioneiro no Brasil.
- SISA (Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais): O Acre celebra os 15 anos do SISA, um marco legal que remunera e incentiva comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares pela conservação da floresta e pelos serviços ambientais que prestam. A experiência do SISA é considerada crucial para as discussões sobre o mercado de créditos de carbono e o financiamento de projetos sustentáveis.
- Protagonismo Ambiental: O estado busca destacar as experiências de soluções climáticas inovadoras e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis, como o Cacau Amazônico e a Pecuária Sustentável, que promovem a geração de renda sem devastar a floresta.
Vozes da Sociedade Civil e o Legado de Chico Mendes
A presença do Acre na COP 30 não se restringe apenas ao Governo. Movimentos sociais, como o Comitê Chico Mendes e a SOS Amazônia, também se mobilizaram para integrar a Cúpula dos Povos, reforçando a importância de colocar as pessoas e os territórios no centro do debate climático.
Um dos momentos marcantes que antecedeu a abertura oficial da COP 30 foi a inauguração do Espaço Chico Mendes em Belém. A iniciativa resgatou a memória e o legado do líder seringueiro, que inspirou o mundo com sua luta em defesa da floresta e dos povos da Amazônia, reforçando que o prestígio internacional do Acre na agenda ambiental deve-se, em grande parte, ao seu legado.
Agenda Estratégica e Desafios
Além da participação em painéis sobre soluções climáticas e bioeconomia, o Acre está promovendo uma série de eventos conjuntos com os demais estados do Consórcio da Amazônia Legal (CAL), buscando entregas coletivas e políticas integradas.
No plano interno, o estado celebra a aprovação do Orçamento Climático pela Assembleia Legislativa, instrumento que visa tornar a agenda ambiental um eixo central no planejamento público e nas decisões fiscais do Acre.
No entanto, a participação também gerou debate, como a crítica do deputado Emerson Jarude sobre o alto custo logístico da comitiva governamental, incluindo o pagamento de diárias em moeda estrangeira (dólar), levantando o questionamento sobre o equilíbrio entre a representatividade internacional e as necessidades básicas da população acreana.
A expectativa é que o Acre consiga atrair novos investimentos e parcerias para fortalecer suas políticas de conservação e uso sustentável, garantindo que o modelo de “crescer, gerar oportunidades e cuidar da Amazônia ao mesmo tempo” se consolide como uma referência global.
